
1. Contrato Social - Livro Primeiro - Capítulos I e II
Análise: A reflexão racional filosófica surge quando há um problema de âmbito genérico que algum filósofo sente necessidade de resolver. De alguma forma, este filósofo identificou o problema, aprofundou sua reflexão e foi motivado a resolvê-lo. Não há como saber precisamente, ou às vezes nunca se saberá o que o deixou curioso e motivado que o fez se mover em relação ao problema, a menos que, o filósofo anuncie porque ficou motivado. O filósofo Immanuel Kant, por exemplo, disse que foi despertado de seu sono dogmático pelo filósofo cético e empirista David Hume e por isso foi motivado a escrever o livro “Crítica da Razão Pura”. Na maioria das vezes, vários filósofos pensam dentro de uma linha filosófica e debatem sobre os conflitos que ela apresenta e ficam motivados a resolver estes conflitos. Rousseau foi influenciado por Maquiavel, Montesquieu, Diderot, Hobbes e Locke. É assim que se dá a História da Filosofia: há um debate permanente entre os filósofos de sua época e também de épocas anteriores. O cuidado deve ser redobrado quando um filósofo contemporâneo debate com filósofos da Modernidade ou da Antigüidade, pois, as visões de mundo são diferentes.
Introdução do Livro Primeiro: Rousseau anuncia o problema que irá desenvolver nos capítulos deste livro. Ele procura um critério legítimo e seguro que possa permitir a conjugação adeqüada no mundo público, que ele chama de "ordem civil", entre os interesses dos homens e a lei. Ele faz isso na qualidade de cidadão, não de príncipe e nem de legislador. Ao dizer que entra no assunto sem demonstrar, ele está anunciando que dá sua sugestão não por mero delírio, ou por um desejo, ou por algum interesse pessoal, ou por contestação simples e inconseqüente. Ele quer dizer que irá demonstrar no desenvolvimento do Livro.
É importante observar que Rousseau toma um problema genérico que acredita ser de interesse de todos os homens que é o trato da coisa pública; analisa, utilizando a crítica; e diz que irá argumentar racionalmente pois irá demonstrar o que anunciou. Este modo com o qual ele se expressou implica num resultado objetivo e não subjetivo, ou seja, não é uma mera opinião, é uma opinião que ele espera ser tomada como verdadeira por todos os homens. Pelo tema ser geral, por ser de interesse dos cidadãos, por usar de argumentos demonstrativos e por ser objetivo, Rousseau, neste livro, faz Filosofia Política.
Capítulo I Rousseau mostra qual é o problema efetivo: o homem nasce livre e por toda a parte está a ferros (acorrentado). Qual é a razão disso estar acontecendo? Se a ordem social, como ele diz, é um direito sagrado, ela não deve ter sido legitimada pela força, pois, o homem em seu estado de natureza é livre, diante das correntes ele se rebelaria. E por que ele não se rebela? Porque a legitimação foi feita por convenção e não pela força.
Capítulo II Ao fazer a analogia de um povo com a família, Rousseau mostra que o pai cuida dos filhos por amor, mas, o chefe que está numa posição similar, não cuida de seu povo, pois, a eles não tem amor, ele tem é prazer de mandar. Citanto os argumentos de Hugo Grotius, jurista holandês que viveu de 1583 a 1645, e que justificou o poder dos tiranos pelo fato de haver escravos, Rousseau conclui que Grotius pensa assim porque ele toma o gênero humano pertencendo a cem homens, logo, estes homens seriam superiores aos demais. O que justificaria esta superioridade é o fato deles serem deuses ou então o fato dos demais homens serem animais. Quanto ao resultado desta relação, Rousseau concorda com todos os que pensaram assim, Aristóteles, Calígula, Grotius e Hobbes: a escravidão existe, e é fato, não há como negá-la, mas, foi a força que produziu a escravidão e não uma condição natural. Mas, Rousseau discorda de todos eles, porque eles tomaram o efeito pela causa.
[Qual é o raciocínio? Como não era possível saber se houve ou não um primeiro escravo, Aristóteles, para justificar a exclusiva cidadania dos homens adultos, ricos e livres, assumiu que a escravidão sempre existiu, e para justificar a escravidão disse que o escravo é escravo por natureza, ou seja, ele já nasce escravo. Este argumento de Aristóteles se estendeu também para as mulheres. Veja a citação: "Aristóteles afirma em 1235 b 10 que existem homens que são escravos por natureza, ou seja, por exigência e vocação da sua própria alma. O escravo não tem capacidade de decisão nem (ao contrário das mulheres) de deliberação, pelo que não consegue agir senão sob a direcção de outro homem. É então do interesse do próprio escravo ser escravo. Contudo, como o próprio Aristóteles reconhece, permanece o problema de, por vezes, a natureza enganar-se. Há almas de escravos em corpos de homens livres e vice-versa." (Ricardo Justino, Universidade de Coimbra)]
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Análise: A reflexão racional filosófica surge quando há um problema de âmbito genérico que algum filósofo sente necessidade de resolver. De alguma forma, este filósofo identificou o problema, aprofundou sua reflexão e foi motivado a resolvê-lo. Não há como saber precisamente, ou às vezes nunca se saberá o que o deixou curioso e motivado que o fez se mover em relação ao problema, a menos que, o filósofo anuncie porque ficou motivado. O filósofo Immanuel Kant, por exemplo, disse que foi despertado de seu sono dogmático pelo filósofo cético e empirista David Hume e por isso foi motivado a escrever o livro “Crítica da Razão Pura”. Na maioria das vezes, vários filósofos pensam dentro de uma linha filosófica e debatem sobre os conflitos que ela apresenta e ficam motivados a resolver estes conflitos. Rousseau foi influenciado por Maquiavel, Montesquieu, Diderot, Hobbes e Locke. É assim que se dá a História da Filosofia: há um debate permanente entre os filósofos de sua época e também de épocas anteriores. O cuidado deve ser redobrado quando um filósofo contemporâneo debate com filósofos da Modernidade ou da Antigüidade, pois, as visões de mundo são diferentes.
Introdução do Livro Primeiro: Rousseau anuncia o problema que irá desenvolver nos capítulos deste livro. Ele procura um critério legítimo e seguro que possa permitir a conjugação adeqüada no mundo público, que ele chama de "ordem civil", entre os interesses dos homens e a lei. Ele faz isso na qualidade de cidadão, não de príncipe e nem de legislador. Ao dizer que entra no assunto sem demonstrar, ele está anunciando que dá sua sugestão não por mero delírio, ou por um desejo, ou por algum interesse pessoal, ou por contestação simples e inconseqüente. Ele quer dizer que irá demonstrar no desenvolvimento do Livro.
É importante observar que Rousseau toma um problema genérico que acredita ser de interesse de todos os homens que é o trato da coisa pública; analisa, utilizando a crítica; e diz que irá argumentar racionalmente pois irá demonstrar o que anunciou. Este modo com o qual ele se expressou implica num resultado objetivo e não subjetivo, ou seja, não é uma mera opinião, é uma opinião que ele espera ser tomada como verdadeira por todos os homens. Pelo tema ser geral, por ser de interesse dos cidadãos, por usar de argumentos demonstrativos e por ser objetivo, Rousseau, neste livro, faz Filosofia Política.
Capítulo I Rousseau mostra qual é o problema efetivo: o homem nasce livre e por toda a parte está a ferros (acorrentado). Qual é a razão disso estar acontecendo? Se a ordem social, como ele diz, é um direito sagrado, ela não deve ter sido legitimada pela força, pois, o homem em seu estado de natureza é livre, diante das correntes ele se rebelaria. E por que ele não se rebela? Porque a legitimação foi feita por convenção e não pela força.
Capítulo II Ao fazer a analogia de um povo com a família, Rousseau mostra que o pai cuida dos filhos por amor, mas, o chefe que está numa posição similar, não cuida de seu povo, pois, a eles não tem amor, ele tem é prazer de mandar. Citanto os argumentos de Hugo Grotius, jurista holandês que viveu de 1583 a 1645, e que justificou o poder dos tiranos pelo fato de haver escravos, Rousseau conclui que Grotius pensa assim porque ele toma o gênero humano pertencendo a cem homens, logo, estes homens seriam superiores aos demais. O que justificaria esta superioridade é o fato deles serem deuses ou então o fato dos demais homens serem animais. Quanto ao resultado desta relação, Rousseau concorda com todos os que pensaram assim, Aristóteles, Calígula, Grotius e Hobbes: a escravidão existe, e é fato, não há como negá-la, mas, foi a força que produziu a escravidão e não uma condição natural. Mas, Rousseau discorda de todos eles, porque eles tomaram o efeito pela causa.
[Qual é o raciocínio? Como não era possível saber se houve ou não um primeiro escravo, Aristóteles, para justificar a exclusiva cidadania dos homens adultos, ricos e livres, assumiu que a escravidão sempre existiu, e para justificar a escravidão disse que o escravo é escravo por natureza, ou seja, ele já nasce escravo. Este argumento de Aristóteles se estendeu também para as mulheres. Veja a citação: "Aristóteles afirma em 1235 b 10 que existem homens que são escravos por natureza, ou seja, por exigência e vocação da sua própria alma. O escravo não tem capacidade de decisão nem (ao contrário das mulheres) de deliberação, pelo que não consegue agir senão sob a direcção de outro homem. É então do interesse do próprio escravo ser escravo. Contudo, como o próprio Aristóteles reconhece, permanece o problema de, por vezes, a natureza enganar-se. Há almas de escravos em corpos de homens livres e vice-versa." (Ricardo Justino, Universidade de Coimbra)]
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