terça-feira, 17 de maio de 2011

A enxada atrás da porta

Atrás da porta uma teia de aranha mantém-se flexível durante os anos. A porta range com o vai e vem dos visitantes, todos querem os quitutes de minha avó. Ela os oferece com muito gosto, os fez com a maestria dos sábios que sabem sabedorias centenárias. O marido era tropeiro, levava de tudo um pouco para lá e para cá. De vez em quando trazia muito gado de Mato Grosso e levava para o interior de São Paulo.
     Mas, eram dois avôs, uma por parte de mãe, outro por parte de pai. O primeiro até aqui descrito foi o avô por parte de mãe. A breve descrição do outro começa agora: ele era do comérico também, só que de roupa de banho, de cama, das Lojas Pernambucanas (fábrica do nordeste). O comércio era profícuo, e meu avó não ficava para trás. Fico pensando no conforto de um e de outro: um vendia de camionete, tecidos, toalhas, peças para roupas etc, o outro era mesmo no lombo de um asno. De vez em quando, muito de vez em quando, meu avô, o primeiro, cortava lenha e plantava verduras no fundo do quintal, por isso a enxada.

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